Aviso

A lista de apoio ao Projeto Baladaboa está sendo vítima de algumas assinaturas falsas, seja por pilhéria, seja para envolver nomes ilustres. A lista será encerrada em algumas horas, e devidamente corrigida e limpa.

terça-feira, 19 de junho de 2007

REVISTA ISTO É, COMPORTAMENTO, EDIÇÃO Nº 1830, 03/11/2004

Juliana Vilas

Conscientizar sem reprimir é a proposta do Baladaboa, projeto que visa diminuir os riscos que o ecstasy, um comprimido à base de MDMA (leia mais ao lado), traz para a juventude. As pílulas, chamadas de "balas", são consumidas largamente em raves e festas embaladas por música eletrônica. O programa é parte da tese de doutorado da psicóloga Stella Almeida, da Universidade de São Paulo, e tem apoio da Coordenadoria da Juventude da Prefeitura.

Para atingir os usuários, Stella, 33 anos, teve de conhecer de perto esse público. Além de frequentar raves, a psicóloga criou um amplo questionário que pode ser preenchido pela internet (www.psicofarmacousp.psc.br), com perguntas do tipo: "Costuma tomar com amigos? Em casa ou em festas?". As respostas servirão para criar uma campanha em 2005. Adepta da redução de danos - estratégia que, entre outras coisas, informa os usuários dos perigos que o produto acarreta e não impõe mudanças no estilo de vida -, Stella diz que não adianta falar que a droga mata. "Reduzir a zero o número de usuários é utopia. Posto que existem pessoas que vão tomar, que seja com os menores riscos", afirma. Sua proposta é, além de conscientizar os jovens, ensinar quem não se livrou da droga a usá-la em circunstâncias menos arriscadas. Stella falou a ISTOÉ.

ISTOÉ - Como é sua pesquisa?
Stella Almeida - Quem já tomou ecstasy responde a um questionário na internet. Até agora, tenho cerca de 500 questionários respondidos. No mestrado fiz o primeiro perfil dos usuários em São Paulo. Com esse novo projeto, quis fazer algo que trouxesse benefícios para esse público. Acho que o que mais funciona é a redução de danos. Reduzir a zero o número de usuários é utopia. Posto que existem pessoas que vão tomar, que seja com os menores riscos.

ISTOÉ - Quem são e onde estão os usuários?
Stella - O grupo que consome ecstasy é elitizado, até pelo preço (o comprimido custa, em média, R$ 30). São pessoas que estudam e trabalham. Há uma preferência pela música eletrônica. A maior parte tem entre 16 e 22 anos,
mora com os pais e se dá bem com eles. Isso quebra a idéia de que usuários têm relação conturbada com a família. Em geral, o consumo é limitado aos finais de semana e é raro alguém tomar sozinho em casa. É indício de que eles têm certo controle sobre a droga e só tomam quando querem.

ISTOÉ - É raro ouvir falar de gente que toma todos os dias, como os
dependentes de cocaína?
Stella - Essas drogas mexem com a dopamina (substância relacionada à satisfação), mas de formas diferentes. Vemos mais esse padrão compulsivo e diário entre os usuários de cocaína. O ecstasy não tem definida essa reação e ninguém encontrou prova disso. Claro que, se o cara toma sempre e de repente pára, estranha. Talvez tenha algum distúrbio de sono. Uma das reações comprovadas é que a pessoa fica deprimida dois dias após o uso. O ecstasy libera toda a serotonina (substância associada ao bem-estar) de uma vez e impede o neurônio de recaptá-la. Ou seja, esvazia o estoque e não repõe. Os usuários devem saber que isso é uma reação passageira. E não adianta tomar mais ecstasy nesse momento. É preciso reestocar serotonina e o corpo demora um pouco para fazer isso.

ISTOÉ - Como será a campanha?
Stella - Não adianta dizer que a droga mata. A pesquisa apontará que informação as pessoas têm, que lendas circulam. A incidência de sexo inseguro, por exemplo, é bem maior quando se toma ecstasy. Temos de dizer: "Sob efeito do ecstasy é mais difícil lembrar da camisinha. Tenha sempre uma por perto." Ficar repetindo "Se tomar ecstasy, não transe" não funciona. Mas tem de saber o jeito de falar para não parecer apologia às drogas.

ISTOÉ - O risco de a campanha soar como apologia parece inevitável.
Stella - Alguns acham que o projeto tem um pé na apologia, mas não é nada disso. O melhor é não usar ecstasy, óbvio. Mas tem gente que toma. Com a lei seca as pessoas pararam de beber? Vamos, então, fazer com que usem de um jeito mais adequado. No caso do ecstasy, além de informar, é preciso preparar os ambientes onde se costuma usar a droga. Como dizer "beba água e descanse" se o jovem vai a um local cheio de fumaça, sem lugar para repousar e onde a água custa R$ 5?

Um comentário:

Anônimo disse...

O melhor é não usar. O conselho é que se não use.

Se você irá demonstrar como se usa do jeito mais adequado, está se tornando cúmplice.

Se a pessoa quer usar, ela que assuma os riscos.

Se você ensinar para ela como se pratica o ilegal da melhor maneira, está ajudando-a em sua prática ilegal.

CUMPLICIDADE.

Ao meu filho eu diria "não use", se ele usar por conta dele e vier a falecer, ele assumiu os riscos, mas sempre dei o conselho certo.

Se eu vier e falar "filho, se vc for usar, faça assim" e um dia ele vier a ter danos em sua saude, eu sou responsável..

E mais, porque o mesmo projeto faz festas "TAPA NA PANTERA" e flyers ensinando a usar com cores psicodélicas?

Acusam hollywood de glamourizar o cigarro por colocar o mocinho fumando.. isso seria oq então??

Isso poderia vir em palestras, informativos, cartazes.. mas flyers de balada irados??

Fala sério né