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quarta-feira, 20 de junho de 2007

“Sobre o uso de ecstasy: uma pesquisa com vistas à formulação de intervenção preventiva”

Projeto Baladaboa

“Sobre o uso de ecstasy: uma pesquisa com vistas à formulação de intervenção preventiva”

Introdução

O ecstasy é uma droga psicoativa ilegal com propriedades estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso central. Embora haja absoluta falta de dados epidemiológicos brasileiros sobre seu consumo , existem indicações objetivas de que esteja em expansão: o aumento no volume de apreensões e visibilidade na mídia, e os relatos de freqüentadores de casas noturnas e de profissionais de saúde que atuam na área do uso de drogas. Assim, o uso no Brasil parece estar de acordo com pesquisas epidemiológicas internacionais que apontam tendência de crescimento significativo do consumo de ecstasy e outras drogas sintéticas em diversos países (1-5) .


A neurotoxicidade conseqüente ao uso de ecstasy ainda gera muita polêmica. A maior dificuldade em se pesquisar os efeitos do uso de ecstasy em humanos é que estudos em que se administraria a substância a voluntários seriam antiéticos e estudos retrospectivos são incertos quanto à dose e freqüência já utilizada. Além disso, usuários de ecstasy são freqüentemente poli usuários de drogas, o que dificulta a identificação causa-efeito (6-8) . Há pesquisadores que afirmam ser necessário mais estudos para dimensionar a toxicidade dessa droga e descartar seu uso clínico (9-11) , e pesquisadores que acreditam que o ecstasy é comprovadamente neurotóxico sendo que inclusive apenas uma dose pode causar danos (12, 13) . Ainda que polêmica, sabe-se até o momento que existe relação entre o uso da droga e problemas de memória, depressão, determinados quadros fisiológicos e psicopatológicos agudos (14-20) . Além disso, o conteúdo farmacológico do ecstasy ilegalmente comercializado não é controlado e, portanto, pode conter uma variedade de substâncias e não apenas MDMA. Este é um fator diretamente relacionado ao potencial tóxico do ecstasy , que se soma ao fato dos indivíduos freqüentemente fazerem uso concomitante de diferentes drogas psicoativas, legais e/ou ilegais, em ambientes que podem aumentar a toxicidade de droga.

Assim, o uso de ecstasy efetivamente comporta risco para a saúde, seja pelo desconhecimento da composição do comprimido, seja porque ainda há lacunas sobre seu mecanismo de ação, sobre sua interação com outras substâncias, sobre os motivos das diferenças nas reações individuais à droga e sobre as conseqüências do uso em longo prazo. De outro lado, uma vez que o uso é um fato, tal risco pode ser minimizado se os usuários adotarem atitudes de Redução de Danos em relação a seu comportamento. A Redução de Danos é uma intervenção preventiva utilizada na Europa e Estados Unidos onde o uso de drogas sintéticas é bastante disseminado. Diversos estudos atestam sua legitimidade e eficácia (21, 22) .


Objetivos da pesquisa:
ETAPA I: Diagnóstico através de questionário
• Descrever sócio-demograficamente usuários de ecstasy e outras drogas sintéticas.
• Identificar comportamentos de risco para a saúde de tais usuários.
• Relacionar fatores predisponentes, indutores e protetores dos comportamentos de risco identificados.

ETAPA II: Intervenção
• A partir dos dados obtidos, definir conteúdo e formato de material de Redução de Danos dirigido á população consumidora de drogas sintéticas, e de prevenção primária para população que freqüenta ambientes onde o uso de drogas sintéticas costuma estar presente.
• Criar projeto gráfico e arte final dos materiais a serem veiculados.
• Fazer cotações e acompanhar a produção gráfica.
• Definir estratégia e operacionalização de veiculação.

ETAPA III: Avaliação
• Elaborar avaliação da intervenção realizada.
• Implementar o projeto realizado.
• Divulgar os resultados possibilitando replicação da intervenção em outras cidades brasileiras que apresentem problema semelhante.

Referências

1. Ahmad K. 2002. Increased use of amphetamine-type stimulants threatens east Asian countries. Lancet 359: 1927
2. Calafat A, Bohn K, Juan M, et al. 1999. Night life in Europe and recreative drug use . Palma de Mallorca: Martin impressores, S.L.
3. Pope HG, Jr., Ionescu-Pioggia M, Pope KW. 2001. Drug use and life style among college undergraduates: a 30-year longitudinal study. Am J Psychiatry 158: 1519-21
4. Strote J, Lee JE, Wechsler H. 2002. Increasing MDMA use among college students: results of a national survey. J Adolesc Health 30: 64-72
5. Wilkins C, Bhatta K, Pledger M, Casswell S. 2003. Ecstasy use in New Zealand: findings from the 1998 and 2001 National Drug Surveys. N Z Med J 116: U383
6. Almeida SP, Silva MTA. 2003. Ecstasy (MDMA): Effects and patterns of use reported by users in São Paulo. Revista Brasileira de Psiquiatria 25: 11-7
7. Tossmann P, Boldt S, Tensil MD. 2001. The use of drugs within the techno party scene in European metropolitan cities. Eur Addict Res 7: 2-23
8. Schuster P, Lieb R, Lamertz C, Wittchen HU. 1998. Is the use of Ecstasy and hallucinogens increasing? Results from a community study. Eur Addict Res 4: 75-82
9. Pentney AR. 2001. An exploration of the history and controversies surrounding MDMA and MDA. J Psychoactive Drugs 33: 213-21
10. Cole JC, Sumnall HR. 2003. Altered states: the clinical effects of Ecstasy. Pharmacol Ther 98: 35-58
11. Kish SJ. 2002. How strong is the evidence that brain serotonin neurons are damaged in human users of Ecstasy? Pharmacol Biochem Behav 71: 845-55
12. Gijsman HJ, Verkes RJ, van Gerven JM, Cohen AF. 1999. MDMA study. Neuropsychopharmacology 21: 597
13. Ricaurte GA, Yuan J, Hatzidimitriou G, et al. 2002. Severe dopaminergic neurotoxicity in primates after a common recreational dose regimen of MDMA ("Ecstasy"). Science 297: 2260-3
14. Cohen RS. 1995. Subjective reports on the effects of the MDMA ('Ecstasy') experience in humans. Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry 19: 1137-45
15. Gamma A, Frei E, Lehmann D, et al. 2000. Mood state and brain electric activity in Ecstasy users. Neuroreport 11: 157-62
16. MacInnes N, Handley SL, Harding GF. 2001. Former chronic methylenedioxymethamphetamine (MDMA or Ecstasy) users report mild depressive symptoms. J Psychopharmacol 15: 181-6
17. McGuire PK, Cope H, Fahy TA. 1994. Diversity of psychopathology associated with use of 3,4-methylenedioxymethamphetamine ('Ecstasy') [see comments]. British Journal of Psychiatry 165: 391-5
18. Morgan MJ, McFie L, Fleetwood H, Robinson JA. 2002. Ecstasy (MDMA): are the psychological problems associated with its use reversed by prolonged abstinence? Psychopharmacology (Berl) 159: 294-303
19. Parrott AC. 2000. Human research on MDMA (3,4-methylene- dioxymethamphetamine) neurotoxicity: cognitive and behavioural indices of change. Neuropsychobiology 42: 17-24
20. Wareing M, Fisk JE, Murphy PN. 2000. Working memory deficits in current and previous users of MDMA ('Ecstasy'). Br J Psychol 91 ( Pt 2): 181-8
21. Brocato J, Wagner EF. 2003. Harm reduction: a social work practice model and social justice agenda. Health Soc Work 28: 117-25
22. Weir E. 2000. Raves: a review of the culture, the drugs and the prevention of harm. Cmaj 162: 1843-8

http://www.ip.usp.br/laboratorios/psicofarmaco/inst_a2.htm

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